terça-feira, 28 de março de 2017

Geração segura e confiável (de preferência, barata)

Pressionar o interruptor para acender uma lâmpada é um ato já quase involuntário, próximo do ato de respirar. Atualmente, cerca de 5,8 bilhões de pessoas têm acesso à energia elétrica, um aumento de 15% (em conforto, segurança e qualidade de vida) em 2016 quando comparado a 2015, segundo o World Energy Outlook [1]. Ou seja, 5,8 bilhões de pessoas no mundo esperam chegar em casa e acender uma lâmpada, encontrar o alimento refrigerado, ligar a TV, somente para citar ações corriqueiras. Não há dúvida, portanto, que energia é qualidade de vida e viver sem nos leva de volta à escuridão, ao alimento de vida curta e, em alguns lugares, à dificuldade de se cozinhar os alimentos.
Além do uso da energia elétrica para fins residenciais, a indústria é o setor que mais a utiliza. Motores, aquecedores, secadores, sistemas de comunicação, dependem da energia elétrica. Não raro, usuários industriais se valem de usinas de geração de de energia, seja para fins emergenciais, seja para geração contínuo para seu processo produtivo.
Para nós, brasileiros, não é diferente.
Para que as cenas antes descritas possam ocorrer de fato, a energia elétrica deve estar disponível no momento em que é demandada, na hora em que o interruptor é pressionado ou o motor elétrico acionado. É isso que esperamos, não é? E para que a energia esteja disponível, é preciso que tenhamos usinas confiáveis, o que significa que a fonte primária da usina tenha suprimento confiável, independente de sazonalidades.
A fonte primária de nossas usinas hidrelétricas é a água. Nas usinas mais antigas a água é represada, formando reservatórios controlados para se gerar energia o ano todo. Nos períodos chuvosos, os reservatórios acumulam água, no período da seca, entregam esta reserva às turbinas. Infelizmente, este não é o caso das hidrelétricas inauguradas nos últimos anos no Brasil, estas usinas operam sem reservatórios acumuladores, e ficam à mercê da sazonalidade. Durante períodos úmidos, geram mais, durante a seca, menos.
E a situação futura da matriz brasileira pode ser ainda pior. O crescimento da capacidade instalada de usinas eólicas e fotovoltaicas, pode vir a desestabilizar o sistema interligado, provocando flutuações que não serão suportadas pelas usinas a fio d'água. Não se pretende advogar contra as usinas fotovoltaicas, sequer contra as usinas eólicas, mas sim de alertar para a necessidade de se suportar o crescimento destas fontes renováveis com usinas que possam despachar quando o Sol e o vento não estiverem disponíveis. Enfim, trata-se de garantir a confiabilidade do fornecimento de energia elétrica. Conforme o Fact Sheet: World Energy Outlook 2016 [2]: "... the increased role of electricity in all economies and the rising share of variable renewables (wind and solar) in power generation put electricity security under the spotlight."

Voltando ao início deste texto, energia elétrica é fundamental para o conforto e do desenvolvimento da sociedade e deve ser suprida de forma confiável, abundante e barata. Este tripé ainda não integra as características das fontes solar e eólica e para se garantir o suprimento para a sociedade e para a indústria, há que se iniciar uma discussão séria que envolva aspectos técnicos e econômicos, de forma a suportar as políticas para o setor. O contrário, se definir políticas e depois correr para viabilizar técnica e economicamente sairá, como já sabemos, caro para quem paga a conta.

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