quinta-feira, 13 de março de 2014

Apaguinho, apagão!

As discussões sobre quase tudo que leio por aí não tem caráter técnico. Têm caráter financeiro. Dá para entender, afinal é sabido que o dinheiro move o mundo. Vem sendo assim desde que começamos a vender/comprar, no começo, ainda sem o vil metal, na base do escambo.
Por causa da profissão, sempre me perguntam quanto custa a energia disto ou daquilo, quase nunca, quase nunca mesmo, me perguntam se é possível fazer funcionar. Parece que qualquer coisa que receba dinheiro vira realidade, e a única questão é se dá dinheiro ou não.
Uma das raízes de nossa atual situação energética talvez seja a mentalidade voltada para (somente) a viabilidade econômica. Muitas vezes, os números, leia-se as quantias, são levados a masmorra, torturados, e saem somente quando dizem aquilo que o "empreendedor" quer ouvir, e o que ele quer ouvir é que a coisa é viável, que a taxa de retorno é altíssima e que o investimento se paga rapidamente.
Neste sentido, temos diversos investidores "profissionais". São aqueles que montam o empreendimento "viável" e depois correm atrás de executivos ávidos por mostrar aos acionistas que fizeram um negócio das Arábias.
Algumas das usinas que não saíram do papel têm o jeitão de terem sido pensadas para arrecadar dinheiro. As cifras são altíssimas, ganhos espetaculares, mas quando a coisa vem para a realidade técnica, não se consegue executar. O site não tem combustível. Os motores ou turbinas não alcançam a potência esperada, nem a eficiência. Ou até mesmo não há capacidade de fornecimento de equipamentos tão complexos em tão pouco tempo. As linhas de transmissão não existem (?). Acabamos ficando sem energia.
O bom projeto, para o país e para o investidor, é aquele em que nós recebemos a energia, de verdade, e o investidor recebe o retorno do investimento, também de verdade.

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